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domingo, 8 de julho de 2012

Vida sem limites e drogas acirram violência familiar

Briga entre pais, filhos, tios, avôs... 
DDM registra semanalmente ao menos um caso de agressão ou ameaça entre pessoas que têm laços consanguíneos

“O sangue sempre fala mais alto”. O dito popular que expressa o instinto de proteção estabelecido entre pessoas da mesma família cai por terra não só em casos de violência entre casais, já comuns em Bauru, mas também em agressões e ameaças envolvendo indivíduos que possuem laços consanguíneos, como irmãos, filhos e mães, pais e filhas e netos e avôs.
Na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), pelo menos um boletim de ocorrência desta natureza já é registrado a cada semana. Segundo a delegada Priscila Bianchini de Assunção Alferes, as ocorrências aumentaram nos últimos dois anos, principalmente por conta do avanço do crack.

Para a psicologia, o alto nível de estresse da vida moderna, a fragilização das relações familiares e o consumismo também são fatores que “atacam” a boa convivência dentro no ambiente doméstico. Já para o Conselho Tutelar, casos divulgados criam uma “onda” que estimula as pessoas a denunciar mais. “Elas se sentem encorajadas a procurar a polícia, o que acaba elevando ainda mais as estatísticas”, pontua a presidente do Segundo Conselho Tutelar de Bauru, Naiara Maria de Farias.

No caso mais recente, uma jovem de 20 anos teve o nariz quebrado pelo próprio pai, após uma discussão sobre a permanência do cão de estimação da garota dentro de casa pouco antes da disputa da final da Copa Libertadores da América, na quarta-feira. O homem, um autônomo de 56 anos, desferiu um soco no rosto da filha e machucou um dos dedos da mão direita dela, que precisou ser imobilizada.

De acordo com a vítima, o pai não havia ingerido bebidas alcoólicas. Trata-se de uma exceção à regra, conforme aponta a delegada Priscila Alferes. “Geralmente, o agressor é usuário de entorpecentes ou álcool e possui uma relação bastante conturbada dentro de casa”, observa.
Os registros mais frequentes recebidos pela DDM são de ameaça, injúria, vias de fato (agressão sem deixar vestígios) e lesão corporal.

Insustentável

Os desentendimentos mais comuns envolvem filhos drogaditos que agridem, ameaçam, ofendem ou furtam as próprias mães. E, ao contrário do que se possa imaginar, muitas delas não desistem da denúncia e representam judicialmente.
“Ela chega a uma situação insustentável, que não consegue mais contornar”, considera a delegada, destacando que os filhos, nestes casos, têm entre 20 e 30 anos de idade, são desempregados e possuem forte dependência emocional em relação à figura materna.

Após a denúncia, em alguns casos a mãe precisa até mesmo ser encaminhada a um abrigo onde possa se sentir segura. Em outros, elas podem solicitar o afastamento do agressor da residência.
“O problema é que, quando o filho usuário de crack, retirá-lo de casa se torna algo sério. Antes de tudo, ele é uma pessoa doente”, salienta Priscila, que defende, nestas condições, o pedido de interdição do usuário e sua internação compulsória.

‘Ele veio pra cima e já deu um soco’  

Pouco antes da disputa da final da Copa Libertadores da América entre Corinthians e Boca Jrs, na quarta-feira, um pai quebrou o nariz da própria filha porque ela insistiu em deixar seu cão de estimação dentro de casa. Além do ferimento no rosto, a jovem, de 20 anos, sofreu luxação em um dos dedos da mão direita por conta da briga.
Um boletim de ocorrência foi registrado no Plantão da Polícia Civil e o pai, um autônomo de 56 anos, fugiu da residência onde morava com a família, no Núcleo Beija-Flor.

Em entrevista ao JC, a garota – que terá o nome preservado para evitar constrangimentos – contou que a discussão começou por volta das 19h30, quando ela colocou seu poodle de estimação dentro de casa para protegê-lo do barulho dos rojões e fogos de artifício lançados pelos torcedores antes da partida.
O pai não aprovou a iniciativa e o desentendimento teve início.

“Eu insisti e ele disse para eu ir embora, porque a casa era dele. Eu não obedeci e ele começou a me xingar. Então, eu respondi, ele veio para cima de mim e quebrou meu nariz com um soco”, relembra ela, que sofreu hematoma em um dos olhos e luxação em um dos dedos da mão, que precisou ser imobilizado. De acordo com a jovem, a mãe tentou interceder e passou mal.

A vítima, assim como a mulher, saiu da casa e foi encaminhada por uma vizinha ao Pronto-Socorro Central. O cachorro ficou aos cuidados de uma amiga. “Eu fiquei desesperada, mas demorei a perceber o estado do meu rosto”.

Nunca imaginava

De acordo com a jovem, o pai não estava alcoolizado e nunca a havia agredido antes. “Ele não bebe. A gente já tinha discutido outras vezes e ele já bateu nos meus dois irmãos mais velhos, mas nunca imaginava que uma coisa dessas poderia acontecer”.
Por conta dos ferimentos, a vítima, que trabalha como secretária, está afastada do serviço. Embora o pai tenha desaparecido com uma mala de roupas desde que tudo aconteceu, ela ainda não voltou para casa.
Abrigada na residência do irmão mais velho junto com a mãe, ela aguarda o rosto desinchar para saber se precisará ser submetida à cirurgia. O JC tentou contatar o pai da vítima por telefone, mas ele não atendeu as ligações. (TM)

Covardia e prática

Os casos se tornam muito mais covardes quando adultos agridem crianças indefesas.
Infelizmente, o “bater para educar” ainda é uma prática aceita socialmente, mas a presidente do Segundo Conselho Tutelar de Bauru, Naiara Maria de Farias, relata registros chocantes de pais que feriram seus filhos de maneira atroz.
“Já acompanhei crianças que foram agredidas com chicote até a pele ficar em carne viva, com pedaços de p**, ponta acesa de cigarro. Atendi criança de 3 anos que ficou com o olho roxo depois de receber um soco e outra de 8 anos que ficou com o abdômen cheio de hematomas por ter apanhado dos pais”, detalha, ressaltando que os filhos até 12 anos de idade são os mais vulneráveis às lesões. Acima desta idade, segundo ela, a violência psicológica torna-se mais frequente, com ofensas e ameaças.

Fragilização atinge laços familiares

Para psicóloga, estresse, isolamento e consumismo comprometem a boa convivência dentro do ambiente doméstico

Além do avanço do crack, a fragilização das relações familiares também colabora para comprometer a boa convivência dentro do ambiente doméstico, conforme analisa a psicóloga Sandra Leal Calais, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru. De acordo com ela, o afrouxamento deste elo tão natural quanto instintivo é resultado do alto nível de estresse da vida moderna, associado ao isolamento proporcionado pelas novas tecnologias e ao excessivo estímulo ao consumo.

“As pessoas têm uma vida extremamente agitada e os poucos momentos de lazer são vivenciados por meio de equipamentos eletrônicos, como computadores, videogames e aparelhos celulares. Neste contexto, o contato humano perde espaço”, observa.
Sandra analisa ainda que a imposição do acúmulo de bens materiais como uma necessidade inexorável também força os adultos a trabalharem mais, sacrificando o pouco tempo que poderiam desfrutar ao lado dos filhos.

“Desta maneira, os pais acabam delegando a educação dos filhos a outras pessoas. E os valores e a educação voltada para o respeito, a responsabilidade e o afeto ficam alterados”, considera.
Desta forma, ela explica, a agressividade que é inerente a todo ser humano deixa de ser refreada pelos princípios morais como deveria. “O que a gente percebe é que a educação formal está cada vez mais elevada, mas a formação dentro da família, para indicar um norte aos indivíduos, está cada vez mais prejudicada”, pontua.

Para a psicóloga, o consumismo também sacrifica as relações familiares porque, de maneira geral, se sobrepõe a elas. Como resultado, esta inversão de valores faz com que muitas crianças se sintam mais satisfeitas, por exemplo, ao ganhar um aparelho celular do que ao realizar um passeio em família.
“Antes, as pessoas viviam com pouco. Elas tinham dois sapatos, duas calças, algo impensável nos dias de hoje. E este consumo exacerbado transforma as relações familiares e afetivas como um todo”, pontua.

Homem, não!

Por ser a mulher a vítima histórica de violência doméstica, a Lei Maria da Penha foi criada apenas para defender seus interesses.
Homens que são agredidos por suas companheiras, mães ou irmãs, portanto, não podem ser beneficiados pelas garantias previstas por ela, como as medidas protetivas.
Em vez da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), eles devem registrar boletim de ocorrência no Plantão ou Distrito Policial e, se for o caso, pedir na Justiça a imposição de medidas cautelares contra a agressora como forma de garantir sua integridade física e psicológica.

Filha de 13 agride mãe

Uma garota de apenas 13 anos de idade agrediu a própria mãe após uma discussão familiar, em Botucatu (100 quilômetros de Bauru). A ocorrência, registrada na rua Luiz Chiaradia, foi atendida pela delegada Simone Alves Firmino Tuono, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) foram acionados ao local, onde a mulher acusou a filha, que seria usuária de entorpecente, de tê-la agredido com uma faca. Mãe e filha foram conduzidas ao Conselho Tutelar, onde receberam orientações e foram liberadas.

Entretanto, duas horas depois, elas se desentenderam novamente, sendo necessária nova intervenção da GCM. No local, os agentes constataram que a mulher havia sido agredida pela filha mais uma vez e ambas foram, de novo, encaminhadas à DDM.
Na unidade, a mãe relatou que a filha é problemática e se prostitui na Praça (Coronel Moura) do Paratodos para sustentar seu vício em crack. Segundo informações da polícia, a garota já havia sido flagrada na Praça do Paratodos, às 2h da última terça-feira, acompanhada de outras duas adolescentes de 14 e 16 anos.
Na ocasião, alegaram que estavam esperando o pai de uma delas para levá-las para casa.
Porém, naquele momento, ficou constatado que estavam desaparecidas de suas residências há dois dias.

A quem recorrer

Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) - Rua Araújo Leite, 15-49, Centro. Telefone: (14) 3226-3088
Sebes - (14) 3227-7684 ou 3234-1090
Creas - (14) 3227-7533
Conselho Tutelar - (14) 3227-3339 ou 3227-3499
Disque-denúncia - 100 ou 181 Polícia Militar - 190

Caso de risco motiva pedidos para Justiça

A Lei 11.3340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, inovou ao conceder medidas protetivas de urgência à mulher que esteja submetida a risco devido à violência doméstica. O agressor, neste caso, pode ser o marido, namorado, companheiro, filho, irmão, pai ou qualquer outro parente.
O pedido, feito pela vítima, é encaminhado pelo delegado responsável até o Judiciário.

Primeiramente, o Ministério Público se manifesta para, então, o juiz decidir quais condutas deverão ser impostas ao agressor para garantir a segurança da mulher. Todo o trâmite pode demorar de um a cerca de cinco dias.

Entre as medidas a serem adotadas, estão a retirada do homem do convívio dentro de casa e seu afastamento a uma determinada distância da vítima, estabelecida judicialmente, após análise de cada caso. Enquanto o pedido não é concedido, a mulher pode ser abrigada em local seguro, mantido pelo poder público.
Em Bauru, este espaço é a Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência de Bauru, construída em 2009.

policialbr.com

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